Corpo e Mente em Harmonia
O Estresse e suas Agressões Físicas
Segundo Ururahy e Albert (2015), o estresse é uma resposta elaborada pelo córtex cerebral e pelo sistema límbico (cérebro emocional). É transmitida ao sistema nervoso simpático que estimulará todos os órgãos envolvidos na reação através da liberação da noradrenalina a ao sistema neuroendócrino ao mesmo tempo. As ações do sistema parassimpático atuam para frear as ações do sistema simpático. Logo, assim que um agente estressor, ou seja, tudo aquilo que pode vir a agredir o indivíduo no âmbito das emoções, a Síndrome Geral da Adaptação ou Reação de Estresse se desenvolve em três tempos sucessivos:
TEMPO 1 – Reação de Alarme
Quando o indivíduo toma consciência da ameaça, o neurotransmissor noradrenalina estimula os órgãos de defesa (aparelho cardiovascular, pulmões, músculos, sistema imunológico), ao mesmo tempo em que aumenta a produção dos hormônios de estresse, cortisol e adrenalina. Esta, em grande quantidade, eleva a pressão arterial, a frequência cardíaca e o colesterol circulante, além de prejudicar a qualidade do sono, por ser um estimulante do sistema nervoso central.
O corpo em estado de defesa inicia-se a reação: dilatação das pupilas, batimentos cardíacos aceleram-se, os brônquios dilatam-se para entrada de oxigênio, e o fígado envia mais glicogênio para os músculos, fornecendo mais energia. Se o organismo continuar submetido ao agente estressor, o esforço de adaptação precisará ser mantido, e entra em ação o segundo tempo da Síndrome Geral da Adaptação ou Reação de Estresse.
TEMPO 2 – Resistência
Essa fase é baseada no eixo hipotálamo – hipófise, que ativa a secreção de cortisol e da adrenalina pelas glândulas supra-renais. São os seguintes efeitos do cortisol no organismo, dependendo das individualidades: facilita a formação de trombos sanguíneos; enfraquece as defesas do corpo; reduz o desejo sexual; estimula o centro da fome no cérebro, gerando o aumento do apetite; aumenta a produção de placas de gorduras nas artérias e a retenção de líquidos; estimula a mucosa do estômago à produção de ácido clorídrico; causa resistência à insulina; aumenta a predisposição à depressão. Se a ameaça pelos agentes estressores continuar, o organismo submete-se à fase de esgotamento.
TEMPO 3 – Esgotamento e Doenças
Quando o estresse se torna crônico, as capacidades energéticas do organismo se esgotam, o percentual de glicose circulante cai, e as células deixam de ser nutridas adequadamente. Como a produção de cortisol e da adrenalina permanece elevada, as ações do sistema imunológico ficam reduzidas. Com o corpo e a mente esgotados, as doenças se instalam, sempre dependendo das individualidades. A produção aumentada do hormônio do estresse exaure a mente e também interfere na atividade da serotonina, gerando ou ampliando uma reação depressiva, transtorno da ansiedade, doença do pânico, bulimia, entre outros transtornos.
Vale mencionar o estudo desenvolvido por Lipp (2000), onde identificou uma quarta fase entre a resistência e a exaustão, denominada quase exaustão, momento em que há um enfraquecimento do indivíduo, que, ao não conseguir se adaptar ou resistir ao estressor, torna-se vulnerável ao aparecimento de doenças.
A Figura abaixo demonstra as manifestações mais comuns do estresse.
Manifestações mais comuns do estresse
Fonte: Ururahy e Albert, 1997.
Na área emocional, o estresse pode produzir desde apatia, depressão, desânimo, sensação de desalento e hipersensibilidade emotiva, até raiva, ira, irritabilidade e ansiedade, além de ter o potencial de desencadear surtos psicóticos e crises neuróticas em pessoas predispostas (LIPP & MALAGRIS, 2001).
Concluem os pesquisadores que além das manifestações físicas decorrentes do stress crônico, encontramos com frequência as seguintes manifestações psíquicas: hiper-reatividade ao meio ambiente; irritabilidade; sensação de expectativa; visão pessimista; dificuldade de concentração; ansiedade; depressão; isolamento; impulsividade; perda ou excesso de apetite; pânico. Bem como, as manifestações comportamentais são, também, uma constante e caracterizadas por: alcoolismo; bulimia (especialmente em relação a alimentos açucarados); tabagismo; consumo de drogas ilícitas; uso de calmantes e ansiolíticos; automedicação para suprimir sintomas específicos; aumento da ingestão de café ou bebidas do tipo cola; fuga psicológica; robotização do comportamento; comportamento autodestrutivo.
Devido ao efeito negativo do estresse sobre o sistema imunológico, o indivíduo se torna mais suscetível a resfriados, gripes ou doenças mais graves, como o câncer. Há diminuição da produção da testosterona, com a queda da libido. Úlceras, gastrites, queda de cabelos, insônia, micoses e fadiga crônica são algumas das outras manifestações físicas mais comuns decorrentes do estresse prolongado.
Naturalmente, na maioria das vezes, o processo pode ser corrigido com psicoterapia, coaching, medicamentos ou outras atitudes positivas que restaurem o bem-estar, entre elas aprender a relaxar a fim de controlar melhor os sinais físicos que acompanham os pensamentos irracionais.
O cérebro emocional também guarda comportamentos. Experimentar novas atitudes modifica os pensamentos, e novas experiências criam novas conexões límbicas (URURAHY, ALBERT 2015).