Corpo e Mente em Harmonia

Plasticidade Cerebral

Plasticidade Cerebral ou Neuroplasticidade é a denominação das capacidades adaptativas do SNC (sistema nervoso central) – sua habilidade para modificar sua organização estrutural própria e de funcionamento. É a propriedade do sistema nervoso que permite o desenvolvimento de alterações estruturais em resposta à experiência, e como adaptação a condições mutantes e a estímulos repetidos. 

Este fato é melhor compreendido através do conhecimento do neurônio, da natureza das suas conexões sinápticas e da organização das áreas cerebrais. A cada experiência do indivíduo, portanto, redes de neurônios são rearranjadas, outras tantas sinapses são reforçadas e múltiplas possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis. 

Existem variáveis importantes no sentido de entender o potencial para a recuperação funcional após lesão. São elas: idade do indivíduo, local e tempo da lesão e a natureza da mesma.

A- Como as descobertas recentes sobre neuroplasticidade, a capacidade da mente de se reorganizar com estímulos externos, aprimoram as terapias de recuperação e lesões cerebrais. (Revista VEJA de 21.12.2011)
As conseqüências das descobertas da plasticidade cerebral são enormes. O fatalismo neurológico que predominou até recentemente sustentava o conceito de que o indivíduo estava, neste aspecto, fadado a determinado destino. Quem nascia com deficiências ou limitações teria de conviver com elas até o fim da vida. As pesquisas feitas por Norman Doidge sobre fisiologia do cérebro mostram uma realidade totalmente diferente. “A plasticidade afeta o cotidiano de cada um de nós – na dor crônica, no aprendizado, nos distúrbios da mente e nos vícios – e enterra qualquer vestígio de determinismo”. Quando alguém pára de exercitar uma habilidade mental, o espaço reservado para essa habilidade é repassado a outra que seja praticada com mais freqüência. 

Alguns dos efeitos conhecidos da depressão no cérebro são a redução do ritmo de criação de novos neurônios e a interrupção da reposição celular no hipocampo, região responsável pela memória e pela formação de células nervosas. Dois estudos recentes mostram que pacientes tratados apenas com terapia convencional, sem o uso de medicamentos, conseguiram estabelecer novas conexões neurais e regenerar a área afetada. Sessões de terapia cognitiva resultaram ao aumento de áreas do cérebro que aliviam os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo em 50% dos pacientes. Ao que tudo indica, a compreensão da plasticidade cerebral pode ser a chave para desvendar a complexidade da mente.

B- Como a plasticidade cerebral pode ser usada pela medicina?
 
As possibilidades são incontáveis. A plasticidade não afeta só a nossa saúde ou o nosso cotidiano. É o modus operandi do cérebro. Ela nos faz humanos. Somos “Homo Neuroplastica”. As descobertas que estão por vir podem levar à abertura da caixa-preta que revela quem somos e de onde viemos. 

É curioso que os homens tenham explorado o fundo dos oceanos e os satélites dos planetas e desenvolvido todo tipo de tecnologias, mas ainda estejam no escuro quanto ao cérebro. Os cientistas são obrigados a introduzir em seus modelos teóricos e quânticos, a teoria da complexidade e os modelos holográficos para explicar atributos básicos como a percepção, a consciência e a memória. 

Isso não causa surpresa. Calcula-se que o número de conexões possíveis em um cérebro humano ultrapasse o número de átomos do universo inteiro. Mesmo em cérebro pequeno, o mecanismo de funcionamento cerebral é incrível. Para resolver o problema do pouso de um pássaro em um galho em movimento, um supercomputador levaria dias, se fosse capaz. Esse problema pode ser impossível de calcular. No entanto o cérebro dos pássaros o faz o tempo todo, instantaneamente. 

Os modelos tradicionais comparam o cérebro a uma central telefônica ou a um supercomputador. Mas essas comparações suscitam imagens de uma coisa desajeitada e semelhante a uma máquina, e o cérebro não é nada disso; é um órgão muito vivo, plástico e flexível, capaz de aprender, compreender e se reorganizar dinamicamente em função de nossas demandas. 

O cérebro gosta de surpresas. Depois de uma surpresa, a neuroplasticidade do cérebro aumenta muito. A neuroplasticidade também aumenta depois que rimos. E como a neuroplasticidade é um ingrediente fundamental para a aprendizagem, você aprende melhor depois de uma boa risada. (DISPENSA, Joe. Quem somos nós? Rio de janeiro: Prestígio, 2007)